É preciso, necessariamente, parar.
Não raro, Oliver tinha certeza do que queria. Certezas são coisas muito escorregadias, penso eu. Melhor ainda, certezas são muito maleáveis. Não raro, Oliver tinha certeza de seus planos e se punha a seguir o rumo da estrela que sonhara. Ele tinha muitos sonhos, sem dúvida, e não se cansava de acreditar que todos podiam, de fato, tomar vida. A verdade é que Oliver andava munido de profunda certeza.
A vida de nosso andarilho era um constante sonhar, acreditar, correr atrás e, fatidicamente, se perder. Oliver não entendia bem por que o caminho do sonho, no começo tão reto, poderia se perder dele assim, tão sorrateiramente, mesmo com sua enorme certeza. No começo de sua jornada apontava para o sonho e ia. Quando se via, estava longe, muito longe do destino agendado. Certezas, meus amigos, são muito maleáveis, e isso o jovem Oliver não conseguia perceber.
Não seria correto dizer que o caminho, ele mesmo, muda. É o pensamento, não o caminho, que se inebria. É o pensar que transforma, sordidamente, a velha certeza em um rumo outro. Não só o pensamento, mas setas do caminho também, muito frequentemente, podem estar viradas, desorientadas, convidando-nos a outros sonhos, não o nosso.
Oliver se perde e, andando assim, sempre se perderá. É a sina dos que só correm atrás de um sonho. É preciso dar os passos, sem dúvida, mas é preciso, necessariamente, parar. Parar e se lembrar qual é o caminho de nossos sonhos. Caso contrário, vamos parar em sonhos alheios. Vamos, de maneira muito triste, nos perder de nossos sonhos.
Somos dotados com a doce virtude de sonhar. Não percamo-nos no caminho, queridos, que de desespero se cobrem os que se descobrem perdido do próprio sonho. É preciso, necessariamente, parar, caros meus. Parar e lembrar: onde está seu sonho?